Miss the raindrops against my window.

Um dia ainda volto a escrever... Até lá, fico só aninhada na manta a ver a chuva escorrer na janela.



20 fevereiro 2010

Voltei.

Não sei como começar. Isto sim é um bloqueio. Olha, não vai a bem, vai a mal. Voltei.







I don't know where i’m at
I’m standing at the back
And I’m tired of waiting.





Amo-te. Não te amo! Amo-te? Não. Amo-te…

Não me lembro se chovia lá fora, partidas que agradeço à memória. Sei que tinha frio, sim. Revivo aquele meu hábito de usar as mangas como luvas, a criança que ainda sou. Acto tão vincado em mim como um reflexo. Lembro-me do sorriso rasgado no meu rosto, da ansiedade, da confusão.

(Sempre confusa, ao menos isso não foi culpa tua. Nunca soube nada, só não tinha noção disso. Às vezes penso que talvez seja injusta, talvez seja efeito do tempo que não pára, dos dias que nos levam sempre ao mesmo destino – um fim – apenas mudando a nossa consciência na mesma medida das nossas rugas. Aquela “dor de pensar”, aquela auto destruição do que és numa tentativa frustrada de definição. Às vezes queria ser tonta e heartless de verdade: nunca pensar, nunca me preocupar, nunca me arrepender. Seria tudo tão fácil. Mas assim, qual seria o sentido de tudo isto? É nestas alturas que penso que talvez nada seja culpa tua. Não tens culpa de o ser. Ou talvez seja o destino, esse sim frio e cruel, crendo-nos tão efémeros que não merecedores de zelo ou dedicação. É também nesses momentos que sinto o meu sangue a exaltar-se, uma sensação que eu nem eu defino, que me arrebata e ferve pelas minhas veias. Sinto-me mais que nunca, cada centímetro de mim, revolto e angustiado, impotente face as minhas decisões. Também eu não tenho culpa, desejava conseguir explicar-me. Mas não consigo, e todos os meus órgãos se embrenham numa batalha, um mar revolto em mim, o meu estômago ofendido, a minha pele irritada, a cabeça que me rejeita. Ouço os meus ouvidos gritarem-me um silêncio ensurdecedor. Raiva, angústia? Que vá tudo para o diabo, só queria ficar em paz.

Inspiro lentamente. Sinto o ar unir-se comigo.

- Calma. Que dramatismo.
Cerro as pálpebras e expiro. Não sei se me ignoro se me tento compreender, mas lentamente sinto-me a dissipar-me. Apenas o estômago nunca me respeita, diria que pensa mais que eu própria. Um nó mostrando-me que ainda aqui estás. E se aqui estás, será que nunca de cá saíste? Quase automaticamente viro a cara, gesto brusco e severo, recusa assumida. Cala-te, ordeno. Ou será que me ordena a mim? Chega! Reviro-me na cama, bruta e inquieta estico-me, um braço para ali, encolho-me, um chuto nos lençóis, concordo. Um pé no chão gélido, um golo de água fria, o calor dos lençóis, adormeço.)

Também me recordo dos risos – Consigo sentir-me lá outra vez, um mero espectador, trausente a tudo, do impacto do que o que se seguiria teria na minha vida. Ria-me das parvoíces delas, tão crianças, tão pouco inocentes. Revivo tudo – o bom, o mau, e o pior.
Não sei de quem foi a culpa, mas sei – agora – que não me merecias.

Podia ser de outra maneira? Sei lá. Sei que preciso de comprar umas luvas, isso das mangas já deu o que tinha a dar.

2 comentários:

Flautista disse...

Estive a ler os teus textos. Fiquei verdadeiramente encantada.

Raquel Pires disse...

Grande blog! :)