Miss the raindrops against my window.

Um dia ainda volto a escrever... Até lá, fico só aninhada na manta a ver a chuva escorrer na janela.



21 agosto 2008

CARTA A UM NADA








Deitei-me e tudo tinha mudado. Não dormi. Não acreditei que era verdade, em parte culpa minha mas no fim não o assumi.

Comecei por ignorar, simplesmente não existia. Mas toda a tristeza começou a espreitar entre imagens e recordações que vinham até mim, fazer me companhia, e entre o presente desiludido e um passado alterado deixei de conseguir distinguir a realidade desta outra verdade.

O tempo que era tão rápido, que só se sentia quando se esgotava, passa a dar sinais de vida constantes. Passa a mostrar-se sempre presente, a impor-se perante tudo, perante todos, sem dó nem piedade.

E a ausência deste nada marca uma angústia constante, a dor, o pânico e uma capacidade de impotência apoderam-se de mim. Então, o tempo desaparece. E os segundos não se notam, não sei se tão vagarosos, se tão apressados.

Mas não fica nada, só esta capacidade de impotência, e ai fazes falta outra vez. Lembro-me de ti, por segundos penso como estou a errar, mas logo depois o meu orgulho ferve-me nas veias, acelera-me o coração ate conseguir o seu objectivo supremo: esquecer-te.

Outras vezes ignoro-o, não te quero ouvir. Sabes como fazes falta, ou sabias. Mas no fim, foste tu que erraste. E o tempo volta a impor-se. Torna-se tão habitual, será então um sentimento de culpa? Não vou saber, não quero perdoar, quero olhar para a frente.

Fico sem ar, sinto-me pequena. Penso no tempo que passou, penso no tempo que já não vai passar.

Penso que consigo impedir o mundo de pensar e o meu corpo renega-me, sinto o meu estômago embrenhar-se numa guerra perdida. E outra vez, não consigo avançar, não quero olhar para trás, não te vejo, vou esquecer.

Não posso ficar a olhar para o tempo. Então tento voar, mas ele não me abandona, puxa-me para terra firme. Segue-me para o céu e para o mar, e mais uma vez, fico sem nada porque me erguer.

Volto a dar um passo. Insisto mais uma vez e acredito. Mas os meus pés ficaram no chão, tão pesados que perco a minha convicção. O tempo volta a controlar-me e não sei para onde me leva. Não quis acreditar? Mas estava de volta, sem saber se tinha errado, sem saber se a culpa era minha e se poderia ou queria ter mudado algo.

No final, não quis pensar. Não quis saber de nada, fiquei á espera que algo tomasse conta de mim, me guiasse. Me contasse o futuro, de preferência uma historia de embalar.

Mas afinal, há um fim? Esqueci. Adormeci outra e outra vez, vi te brilhar, trovejar mas não liguei. Tudo parte do passado, tento acreditar.


" Se arrependimento matasse. "
i'm sorry, miss you.
A lesson i learned.