Miss the raindrops against my window.

Um dia ainda volto a escrever... Até lá, fico só aninhada na manta a ver a chuva escorrer na janela.



21 novembro 2008

O MEU CAMINHO


















I can’t control myself.
I can’t escape.




Fugi de tudo, de todos, de mim.

Afastei-me de um suposto lar que não era mais que quatro frias paredes, mas que no entanto conseguia ser mais que isso. Fugia do epicentro de todo um sofrimento que me invadia sem misericórdia. De tal forma me inundava que me levava à completa abstracção em relação a tudo o que me acompanhava, de tudo o que não me rodeava.

Imaginava o que poderia ser a mais bela viagem da minha existência, e tentava ignorar o medo que esta me causava. Desejava ser a viagem que me iria salvar, e arrancar de mim todos os fantasmas que me atormentavam.

Lentamente a revolta começava a arder em mim, tomando posse do que um dia fora eu e queimando qualquer sombra dessa existência. Apenas queria deixar tudo para trás, simplesmente abandonar-me. Desistir do mundo, de mim próprio.

“Egoísta.” Pensei.


Mas afinal, também que interessava isso? Eu não era mais que uma sombria existência, juntar o egoísmo a toda a escuridão que me rodeava não consistia uma barreira à minha desilusão perante ti, mim ou qualquer transeunte.

Deixar extinguir esta sombria vida que me havia sido destinada. Era apenas o que queria. Acabar com todas as ilusões que me afundavam mais, todas aparências e fantasmas que rapidamente me iriam abandonar, quebrando mais um pouco de mim.
Destruindo toda a esperança que esforçava por manter em mim, e deixando apenas o medo que me mantinha neste aparente estado intacto.

Era esse o único motivo que me mantinha imóvel, congelando cada músculo do meu corpo.

NAO VALE A PENA! Ecoava o pânico na minha mente enquanto a raiva e angústia começavam a fluir nas minhas veias, acelerando o meu coração, numa fúria que nunca pensei ser capaz de tolerar por tão frágil criatura quanto eu.

Estava decidido, todas e quaisquer dúvidas haviam-se desvanecido por entre as lágrimas que impiedosamente deslizavam pela minha face, queimando toda a réstia de serenidade que um dia possui e turvando me o olhar. Iria seguir o caminho que à tanto me havia sido destinado mas que teimava em não ver. Agora, mesmo de olhos turvos pelas lágrimas distinguia melhor o meu destino do que alguma vez havia enxergado antes. Havia chegado finalmente o momento de pegar na réstia de força em mim e em toda a coragem que me havia feito aguentar até então e fazer a viagem pela qual ansiava.

Antes de partir olhei para a escuridão sobre mim que insistia em relembrar tudo o que queria abandonar e tudo o que de mau me assombrava.

Apenas um passo. Apenas um fechar de olhos, um bater de coração. Apenas um inspirar e teria chegado ao meu destino.

Agora, sem de quem mais me despedir além de mim mesmo, de toda esta mágoa e dor que sempre me havia acompanhado, de todo o passado que lutava inutilmente por esquecer avancei em direcção a nada, sabendo apenas que iria para mais longe do que jamais queria voltar a ver ou sentir.

Com um sorriso rasgado no meu rosto húmido avancei.

Escrito com o meu beloved Carlos Andrade.

1 comentário:

Telma disse...

"Agora, sem de quem mais me despedir além de mim mesmo, de toda esta mágoa e dor que sempre me havia acompanhado, de todo o passado que lutava inutilmente por esquecer avancei em direcção a nada, sabendo apenas que iria para mais longe do que jamais queria voltar a ver ou sentir.

Com um sorriso rasgado no meu rosto húmido avancei."

Muito bom *-*
Adorei :)